A Polícia Federal reconstruiu a rota usada por Alexandre Ramagem para deixar o Brasil após ter sua prisão decretada pelo ministro Alexandre de Moraes. A fuga ocorreu em setembro, mas só foi identificada semanas depois, durante uma checagem sobre a localização dos condenados no núcleo central da tentativa de golpe. Segundo a investigação, o ex-deputado seguiu por Roraima até cruzar a fronteira com a Guiana.
De acordo com as informações levantadas pela PF, Ramagem chegou a Boa Vista na noite de 9 de setembro, mesmo dia em que Moraes apresentou seu voto pela condenação dos réus. Na manhã seguinte, ele já havia atravessado a fronteira por Bonfim, rumo a Lethem, cidade guianense separada do Brasil apenas por um rio. De lá, iniciou o trajeto que o levaria aos Estados Unidos.
A investigação aponta que, no dia 11 de setembro, Ramagem embarcou em um voo direto para Miami, usando um passaporte diplomático de parlamentar para entrar no país. Ele permanece em território americano acompanhado da mulher e das filhas. A PF concluiu que o ex-diretor da Abin deixou o Brasil ainda durante o julgamento que condenou aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro.
A saída irregular só foi detectada quando os investigadores cruzaram dados sobre a movimentação dos condenados. Esse monitoramento ocorreu na etapa final do processo, que também levou à condenação de Bolsonaro, generais de alta patente e ex-ministros. O levantamento confirmou que Ramagem já não estava no país e não havia perspectiva de retorno.
Na decisão que reconheceu o trânsito em julgado, Moraes determinou a cassação do mandato de Ramagem e a perda dos direitos políticos. Condenado a 16 anos de prisão, o ex-parlamentar também perdeu o salário e o cargo de delegado da Polícia Federal, encerrando sua trajetória no serviço público.






