Imagens de jovens empunhando fuzis, pilotando motos sem placas — muitas roubadas — e exibindo símbolos de facções criminosas se tornaram rotina em perfis ligados ao crime organizado. Segundo reportagem do jornal O Globo, essas postagens não são aleatórias: fazem parte de uma estratégia de marketing que usa estética, engajamento e algoritmos para recrutar adolescentes, explorando vulnerabilidades e a lógica viral das redes sociais.
A exposição crescente desse material fez plataformas digitais reforçarem mecanismos de proteção. A Meta, responsável por Instagram e Facebook, e o TikTok confirmaram que removeram as contas identificadas pela reportagem e anunciaram medidas adicionais para reduzir o alcance desses perfis.
A Meta informou que está testando uma camada extra de segurança para usuários de até 25 anos, desenvolvida com especialistas brasileiros. Em nota, explicou que menores de 18 anos já são incluídos automaticamente na “Conta de Adolescente”, com restrições mais rígidas para contatos e conteúdos. A empresa reforçou que não permite “organizações e indivíduos perigosos” e que essas contas são derrubadas com o auxílio de inteligência artificial e equipes especializadas.
O debate ganhou força após a megaoperação policial de 28 de outubro. O governador Cláudio Castro voltou a afirmar que o Rio vive uma “janela de oportunidade” para enfrentar o crime organizado e admitiu: “Somos o epicentro do problema no Brasil”, destacando que o domínio digital também precisa ser combatido.
O TikTok, por sua vez, confirmou ter removido todos os perfis citados e disse manter uma equipe dedicada exclusivamente ao monitoramento desse tipo de conteúdo. A plataforma afirma contar com 40 mil profissionais na área de segurança e divulgou índices de moderação: 99,1% dos vídeos que violaram as regras foram eliminados de forma proativa, e 90,5% deles saíram do ar antes de qualquer visualização.
Mesmo assim, especialistas ouvidos pela reportagem alertam que facções seguem encontrando brechas e recriando contas para divulgar conteúdos violentos. Para autoridades de segurança pública, enfrentar o crime no ambiente digital exige uma ação coordenada entre empresas, governo e sociedade civil — especialmente no Rio, onde a presença das facções nas redes é considerada uma das mais expressivas do país.






