A megaoperação da polícia, deflagrada no fim do mês passado, escancarou a dimensão do poder armado do Comando Vermelho em um dos principais QGs da facção. Os complexos do Alemão e da Penha, no entanto, representam uma pequena fatia do domínio da quadrilha. Esse grupo criminoso já está disseminado em 70 dos 92 municípios fluminenses (76%), segundo relatório reservado do setor de inteligência da Polícia Militar.
O levantamento feito pela PM aponta todas as comunidades em que há atuação de grupos criminosos no estado de forma estruturada. Em 36 cidades, o CV atua isoladamente, sem a presença de outra facção. E só 15 municípios não têm o domínio consolidado de uma grupo criminoso.
Dos 1.648 locais mapeados, 1.036 (62,8%) são controlados pelo CV; 340 (20,6% ) pelo TCP; 229 (13,9%) pela milícia; e 43 (2,6%) pelo ADA. Mas, como há muitas disputas territoriais, esses dados precisam ser constantemente atualizados e, de acordo com o subsecretário de Inteligência da Secretaria de Polícia Militar, coronel Uirá do Nascimento Ferreira, só são inseridos no documento após o grupo se consolidar no local. A Carobinha, em Campo Grande, por exemplo, ocupada na semana passada, ainda não consta nessa estatística.
De acordo com o secretário de Polícia Civil do Rio, Felipe Curi, foram as Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs) que contribuíram para a expansão da atuação de facções do tráfico, antes concentrado na capital fluminense:
“O que aconteceu após as UPPs foi o espalhamento dos traficantes por todo o estado. Paralelamente, o CV entendeu que a droga não é mais o negócio mais rentável. Hoje, o tráfico representa de 10% a 15% do faturamento da facção. Eles passaram a explorar economicamente os territórios, replicando atividades típicas das milícias. A prioridade passou a ser gerar receita com gás, luz, água, internet, transporte alternativo e extorsão, impondo o terror à população local”, disse o secretário.
*Com informações de O Globo






