O Instituto Nacional de Câncer (Inca) divulgou nesta sexta-feira (3), durante o lançamento da campanha Outubro Rosa, dados que colocam o Rio de Janeiro em situação preocupante: o estado tem a segunda maior taxa de mortalidade por câncer de mama do país, ficando atrás apenas de Roraima.
O levantamento também mostra que o Rio ocupa a segunda posição em número de casos registrados, com taxa de 70,57 diagnósticos para cada 100 mil habitantes entre 2023 e 2025 — índice superado apenas por Santa Catarina. O cálculo foi feito com base em ajustes internacionais que permitem a comparação entre diferentes países.
Falta de rastreamento
Segundo Antônio Braga, coordenador estadual da saúde das mulheres, o quadro está diretamente ligado ao baixo índice de rastreamento. “Hoje temos menos de 30% das mulheres em idade alvo realizando mamografia a cada dois anos, entre 50 e 74 anos. Isso mostra que uma grande parte ainda não consegue fazer o exame”, afirmou.
Braga destacou ainda desigualdade na oferta: enquanto há sobra de exames em unidades como o Rio Imagem Machado e o Rio Imagem Centro, os mamógrafos móveis, que atendem áreas mais afastadas, enfrentam alta demanda e filas de espera.
Prevenção e políticas públicas
Para o diretor-geral do Inca, Roberto Gil, é urgente ampliar a detecção precoce da doença, que é o tumor mais incidente no Brasil. “Quando descoberto no começo, o tratamento é mais simples e a paciente consegue manter a qualidade de vida. O objetivo é que 90% das mulheres façam rastreamento, como recomenda a Organização Mundial da Saúde. Hoje, apenas 30% realizam o exame pelo SUS”, afirmou.
A prevenção envolve não só o rastreamento regular, mas também a adoção de hábitos saudáveis, como controle de peso, redução do consumo de álcool e combate ao tabagismo. O desafio, ressaltam os especialistas, é transformar a mobilização do Outubro Rosa em políticas permanentes e acessíveis para a população.