A Secretaria Municipal de Saúde do Rio instaurou uma sindicância para investigar a conduta de um médico do Hospital Municipal Miguel Couto, suspeito de emitir um atestado irregular para o deputado estadual Filippe Poubel. O documento foi usado para pedir o adiamento de uma audiência marcada para esta sexta-feira (12), mas a Justiça manteve a sessão. Mesmo assim, o parlamentar não compareceu.
O atestado afirma que Poubel foi atendido no hospital na quarta-feira (10) e recebeu três dias de repouso por motivo de doença. Porém, naquele mesmo dia, o deputado participou presencialmente de uma sessão na Alerj. A direção do Miguel Couto diz que não há registro de entrada, prontuário ou exames em nome do parlamentar, e que a logomarca usada no papel não corresponde ao modelo adotado atualmente.
O documento foi assinado pelo médico João Ricardo Ribas, ex-vereador do Rio, que admitiu ter usado um formulário antigo do SUS. Ele afirmou que realizou uma teleconsulta com Poubel e deveria ter emitido o atestado em papel próprio. O deputado alegou suspeita de Covid e disse que o médico se equivocou ao gerar o arquivo pelo sistema do hospital.
A discussão começou após o advogado de João Pires, secretário municipal de Proteção e Defesa do Consumidor, solicitar ao hospital a verificação da autenticidade do atestado. A resposta oficial informou que não houve atendimento no dia informado e que o documento não segue padrões da rede municipal. A Secretaria de Saúde determinou que o caso será apurado com rigor.
O secretário Daniel Soranz criticou a apresentação de um documento sem qualquer registro. Ele afirmou que um atestado só é válido como extrato do prontuário e que o uso da marca do SUS e da logomarca do Miguel Couto agrava ainda mais a situação. Em ofício enviado à Justiça, a pasta declarou que o atestado não pode ser reconhecido como oficial ou utilizado para justificar ausência.
João Pires informou que vai representar contra Poubel no Ministério Público por falsidade ideológica. A audiência em questão envolve ainda o deputado Rodrigo Amorim e trata de acusações de calúnia, injúria e difamação relacionadas a um vídeo no qual Pires menciona suposta ligação dos parlamentares com o escândalo do Ceperj.






