Durante entrevista concedida ao lado do presidente argentino Javier Milei, na Casa Branca, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, voltou a mencionar o Brasil e afirmou ter tido uma “ótima conversa” com Luiz Inácio Lula da Silva. Segundo ele, os países sul-americanos estão se reaproximando dos EUA. “O Brasil, tive uma conversa muito boa com o presidente Lula. Eu o encontrei nas Nações Unidas antes de subir para discursar”, disse Trump, elogiando o brasileiro diante de Milei, adversário político do petista.
Trump também aproveitou o encontro para atacar o grupo dos Brics — formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul. Segundo o americano, o bloco “tentou enfraquecer o domínio do dólar” no comércio global. “Estão todos saindo dos Brics. Era um ataque ao dólar. Eu disse: ‘querem jogar esse jogo? Vamos colocar tarifas sobre todos os produtos que entrarem nos Estados Unidos’. E agora ninguém mais fala disso”, declarou.
A menção a Lula reforça a reaproximação diplomática entre Washington e Brasília, após meses de trocas de críticas. O telefonema entre ambos, ocorrido em 6 de outubro, durou cerca de 30 minutos e tratou de temas econômicos, como tarifas de 50% impostas a produtos brasileiros e sanções contra autoridades ligadas ao ex-presidente Jair Bolsonaro. De acordo com o governo brasileiro, Lula pediu a revisão das medidas.
Trump classificou Lula como “bom homem” e afirmou que pretende visitar o Brasil em breve para discutir acordos comerciais. A declaração marcou um contraste com declarações anteriores, quando o republicano criticou o tratamento dado a Bolsonaro, e Lula respondeu dizendo que Trump agia “como se fosse imperador do mundo”.
Durante a entrevista, Trump também comentou o apoio financeiro de US$ 20 bilhões à Argentina, oficializado na semana passada por meio de um acordo entre os bancos centrais dos dois países. O presidente justificou a medida como forma de fortalecer a região: “Se a Argentina for bem, outros vão seguir o exemplo. E muitos já estão seguindo”. Ele ainda não descartou um acordo de livre comércio com Buenos Aires, afirmando que “isso é possível”.
A Casa Branca apresentou a ajuda como parte de uma estratégia para estabilizar um aliado-chave na América do Sul, embora a decisão tenha gerado críticas internas nos Estados Unidos, especialmente de produtores rurais que veem na Argentina uma concorrente direta nas exportações de soja.