Quatro meses depois das denúncias de falta de medicamentos, atrasos em tratamentos e transferência compulsória de pacientes oncológicos, a Unimed Brasil oficializou acordos com seis redes hospitalares e de laboratórios para normalizar e ampliar o atendimento aos segurados da Unimed Ferj. A lista das unidades divulgada integra as medidas exigidas pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) para conter a crise na operadora regional.
Os novos contratos marcam uma tentativa de reestruturar o atendimento de pacientes do Rio e de Duque de Caxias, cuja responsabilidade passou a ser da Unimed Brasil em 20 de novembro. O movimento ocorre após uma série de reclamações de usuários que, desde agosto, relatavam interrupção de tratamentos, descredenciamento de clínicas e condições precárias em unidades substitutas.
As redes que passam a atender oncologia e outros serviços são:
CBTEA – Instituto de Neuropsiquiatria Dr. João Côrtes de Barros: Barra da Tijuca e Duque de Caxias
Oncoclínicas: Barra da Tijuca e Botafogo (Radioterapia)
Prontobaby: Clínica Pediátrica da Barra, Hospital Ipanema, IEP – Instituto de Especialidades Pediátricas (ambulatório) e Prontobaby Hospital da Criança
Rede Américas: Casa de Saúde Nossa Senhora do Carmo, Hospital Pró-Cardíaco, Hospital Samaritano Barra, Hospital Samaritano Botafogo, Hospital São Lucas Copacabana, Hospital Vitória Barra e Hospital Santa Lúcia (somente internação eletiva)
Rede Dasa: 147 unidades, incluindo terapias especiais, exames laboratoriais e de imagem
Rede Totalcare: Hospital de Clínicas de Jacarepaguá, Hospital Mario Lioni, Hospital Panamericano Amil (Casa de Saúde Santa Therezinha) e Hospital Pasteur
Em nota, a Unimed Brasil reforçou que, antes de utilizar qualquer serviço, os beneficiários devem consultar as coberturas previstas nos contratos. A operadora também afirmou estar negociando com outras instituições durante o período de transição.
A crise: denúncias, transferências e autuações
A deterioração do atendimento veio à tona em agosto, quando pacientes oncológicos denunciaram a falta de medicamentos e a interrupção de terapias. Muitos foram transferidos, sem aviso prévio, da Oncoclínicas e de outras unidades para o recém-inaugurado Espaço Cuidar Bem, em Botafogo, que acumulou queixas por falta de profissionais, atrasos, estrutura improvisada e ausência de medicamentos.
O espaço acabou autuado pelo Procon e virou alvo de ações judiciais. Na época, a Unimed Ferj negou o descredenciamento da Oncoclínicas, mas documentos apresentados à ANS mostraram que os pacientes estavam, de fato, sendo redirecionados exclusivamente para a nova unidade, contrariando a versão oficial da operadora.
A pressão de órgãos reguladores e de entidades médicas levou a ANS a intervir e estabelecer um plano de ação para restabelecer o atendimento. O novo arranjo financeiro entre as duas operadoras prevê que:
A Unimed Ferj repassará 93% da arrecadação das mensalidades à Unimed Brasil entre 1º de dezembro de 2025 e 30 de setembro de 2026. A partir de 1º de outubro de 2026, o repasse cairá para 90%. Além disso, a Ferj ficará com o restante (7% e depois 10%), valores destinados ao pagamento de dívidas acumuladas e a Unimed do Brasil assumirá o pagamento aos prestadores por procedimentos realizados a partir de 20 de novembro de 2026.
Pelo acordo firmado na ANS, a Unimed Brasil também se compromete a manter a rede prestadora da Ferj por, no mínimo, um ano e a aplicar reajustes de mensalidade conforme previsto nos contratos dos beneficiários.
O que esperar daqui para frente
A expectativa da ANS é de que os novos contratos garantam continuidade ao atendimento e evitem novos episódios de interrupção de tratamentos, especialmente no setor oncológico, o mais afetado desde o início da crise.
Ainda assim, entidades de defesa do consumidor monitoram a transição e alertam que o período de estabilização pode levar meses, já que depende da capacidade das redes de absorver a demanda reprimida e regularizar agenda de consultas e terapias.






