Publicações que circulam nas redes sociais afirmando que lotes de café teriam sido contaminados por metanol são falsas. Autoridades sanitárias brasileiras reforçam que não há qualquer registro de contaminação ou intoxicação ligada ao consumo de café no país.
A Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), a Senacon (Secretaria Nacional do Consumidor) e a Abic (Associação Brasileira da Indústria de Café) confirmaram que todos os casos investigados de intoxicação por metanol até agora envolvem bebidas alcoólicas destiladas, como gim, vodca e uísque.
Vídeo com Renata Vasconcellos foi manipulado por IA
O conteúdo falso utiliza um vídeo adulterado por inteligência artificial com a imagem e voz da jornalista Renata Vasconcellos, apresentadora do Jornal Nacional, simulando uma reportagem inexistente sobre café contaminado.
O vídeo traz a falsa mensagem de que um “acidente na produção teria misturado metanol ao café”, o que foi descartado pelas autoridades. O Jornal Nacional jamais exibiu qualquer matéria semelhante.
Análise feita pelo Hive Moderation, sistema especializado em detectar adulterações digitais, indicou 96,2% de probabilidade de manipulação com ferramentas de IA.
Autoridades desmentem e reforçam segurança do produto
A Anvisa informou que não recebeu nenhuma denúncia ou notificação de contaminação por metanol em bebidas não alcoólicas, como café, leite, refrigerante ou chá.
Já a Senacon, ligada ao Ministério da Justiça, confirmou que não há alertas nem registros de qualquer tipo de adulteração envolvendo o produto.
A Abic, que representa o setor há 50 anos, destacou que nunca identificou casos de contaminação química no café brasileiro. As fraudes detectadas no passado, segundo a entidade, se limitaram à mistura de grãos com outros ingredientes, como cevada, milho ou chicória, sem qualquer risco à saúde.
Casos reais envolvem bebidas alcoólicas
Segundo o Ministério da Saúde, o Brasil registrou até o momento 17 casos confirmados de intoxicação por metanol, com duas mortes em São Paulo e 12 óbitos suspeitos em investigação.
Todas as ocorrências estão associadas ao consumo de bebidas alcoólicas adulteradas — não há nenhum registro envolvendo café ou outros produtos não alcoólicos.