Um dos maiores nomes da história da tecnologia, a Intel atravessa um período de queda vertiginosa. A empresa, que em 2015 tinha valor de mercado nove vezes maior que a NVIDIA, agora vale 41 vezes menos que a rival. A ascensão da NVIDIA no mercado de GPUs e inteligência artificial, somada às decisões equivocadas da Intel, redesenhou o mapa global dos semicondutores.
A companhia perdeu espaço em áreas cruciais como o mercado móvel, foi ultrapassada por concorrentes como AMD, Qualcomm e até Texas Instruments, e viu Microsoft e Apple abandonarem sua arquitetura para adotar soluções ARM.
Em 2006, a Intel recusou produzir chips para o iPhone e tentou comprar a NVIDIA por US$ 20 bilhões, mas Jensen Huang recusou. Hoje, a NVIDIA ultrapassa US$ 4 trilhões em valor de mercado, enquanto a Intel corre risco de deixar o ranking das 200 maiores empresas do mundo.
O CEO da Intel, Lip-Bu Tan, admitiu que a empresa sequer está entre as 10 maiores fabricantes de semicondutores do mundo. Para tentar reverter o cenário, a Intel anunciou a demissão de 5.500 funcionários, sendo quase 2 mil na Califórnia e cerca de 3 mil no Oregon — um corte que representa 20% da força de trabalho.
Além disso, a Intel terceirizou 30% de sua produção para a TSMC, empresa taiwanesa que lidera a fabricação de chips avançados. A mudança representa uma quebra no modelo de integração vertical que a Intel sempre defendeu, sendo agora dependente de uma ex-rival para sobreviver.
Enquanto a NVIDIA foca no design e terceiriza a produção com sucesso, a Intel busca se reinventar apostando na IA de borda (Edge AI). Mas o próprio CEO reconhece que talvez seja tarde demais. A salvação pode vir com o processo 18A de fabricação, previsto para 2025. No entanto, se falhar, a Intel pode ficar sem sua última carta na disputa com a TSMC.
Outro dado simbólico: a China representa 29% da receita da Intel, mais que qualquer outro país, mostrando a dependência da empresa do mercado asiático, enquanto os EUA perdem liderança na fabricação de chips.
O colapso da Intel ilustra não apenas a queda de um império, mas também o fim de uma era — e o surgimento de um novo paradigma na indústria global de semicondutores.