A primeira semana da COP30, em Belém, chega ao fim com impasses importantes ainda sem solução. Os principais temas avançaram pouco e aumentam o temor de que a conferência tenha dificuldade para entregar resultados concretos. No centro dos bloqueios continuam as divergências entre países ricos e nações em desenvolvimento. Enquanto as economias mais ricas exigem compromissos mais contundentes e prazos mais rígidos para apresentação de dados sobre emissões, o Sul Global afirma que só pode elevar sua ambição climática se houver garantia dos recursos prometidos pelos países desenvolvidos.
Nos bastidores, diplomatas relatam que o clima das negociações se endureceu ao longo da semana. Delegações de países vulneráveis reclamam que as promessas de financiamento não vêm sendo cumpridas e reforçam que a crise climática não pode ser enfrentada com mais sacrifício às nações afetadas por eventos extremos. O Brasil, como país-sede, tenta atuar como mediador, aproximando os blocos e buscando destravar a agenda. Uma plenária extraordinária está convocada para este sábado, quando a presidência da COP pretende atualizar o estado das discussões e ampliar conversas bilaterais.
A organização do evento também entrou no centro das atenções. Na quinta-feira (13), a ONU enviou uma carta ao ministro da Casa Civil, Rui Costa, ao presidente da COP30, embaixador André Corrêa do Lago, e ao governador do Pará, Helder Barbalho, criticando falhas na organização brasileira e cobrando ajustes imediatos. A iniciativa foi considerada incomum, já que a ONU raramente formaliza insatisfações durante conferências climáticas.
O estopim foi a invasão de manifestantes à Blue Zone, na noite de terça-feira (11), rompendo barreiras de segurança e interrompendo parte da programação. A ONU apontou falhas no controle de acesso e pediu reforço urgente. Além disso, delegações relatam problemas desde o início — como falta de água nos banheiros, falhas de refrigeração nos pavilhões e dificuldades operacionais consideradas atípicas para um evento desse porte.
Após a carta, a Casa Civil divulgou nota afirmando que não participou das decisões de segurança durante o protesto e ressaltou que a gestão interna da Blue Zone é de responsabilidade do Departamento de Segurança da ONU (UNDSS). O governo acrescentou que todas as solicitações da ONU vêm sendo atendidas e que, nesta quarta (12), houve uma reavaliação conjunta de efetivos e perímetros de proteção, ampliando os níveis de segurança da COP30.






