O governador em exercício do Rio de Janeiro, Rodrigo Bacellar, afirmou em entrevista à Rede Globo que abrirá mão da candidatura ao governo do estado em 2026 caso Cláudio Castro volte atrás na decisão de exonerar Washington Reis da Secretaria de Transportes.
“O governador tem todo o direito de revogar a decisão. Afinal, ele foi eleito legitimamente pelo povo, deixando claro, que uma vez fazendo isso, eu não compactuo mais com o projeto que ele mesmo me escolheu e me convenceu para que eu pudesse sucedê-lo no governo. Faço com cabeça erguida, com muita tranquilidade no coração, mas tenho certeza e confio no governador e no projeto nosso de governo, que é um projeto de grupo, diferente deste colega de Caxias que insiste em achar que é maior que as pessoas que orbitam em nossa esfera política”, declarou Bacellar.
A declaração ocorre em meio à tensão gerada após críticas feitas por Washington Reis, que afirmou que a assinatura de Bacellar “não vale nada”. Em resposta, o governador em exercício rebateu com tom firme.
“Muito admiro a declaração dele porque é um homem condenado pela Justiça à prisão, inelegível, e que depende de Eduardo Paes e de Lula para reverter a decisão dele. Querer falar da minha posição enquanto presidente da Assembleia e governador em exercício?”, afirmou.
Quem assume a secretaria?
O governador em exercício, Rodrigo Bacellar (União), designou o secretário estadual de Governo, André Moura, para responder interinamente pela Secretaria de Transportes. O ato foi publicado no Diário Oficial desta sexta-feira (4).
O titular da secretaria, Washington Reis, foi exonerado nesta quinta-feira, em meio a uma crise política. O governador Cláudio Castro (PL) está em Portugal, participando do Fórum Jurídico de Lisboa. Ele só deve estar de volta na próxima segunda-feira.
Deputados manifestam apoio à Bacellar
Deputados estaduais aliados à Rodrigo Bacellar (União Brasil), se manifestaram nas redes sociais em apoio à decisão do governador em exercício.
A primeira manifestação veio do deputado Alexandre Knoploch (PL), que divulgou em sua conta no Instagram o ato de exoneração publicado no Diário Oficial, acompanhado de um vídeo em que Bacellar explica os motivos que o levaram a retirar Reis do cargo.
Na mesma linha, o deputado Marcelo Dino (União Brasil) também compartilhou o vídeo da entrevista de Bacellar, reforçando sua posição ao lado do governador em exercício. Ambos já haviam feito críticas públicas à condução de Reis na pasta e demonstravam incômodo com sua aliança política com Eduardo Paes.
O líder do governo na Alerj, Rodrigo Amorim (União Brasil), preferiu uma manifestação mais discreta, mas simbólica. Publicou apenas o vídeo da fala de Bacellar, sinalizando apoio à decisão do chefe do Executivo estadual interino.
Já o deputado Chico Machado (Solidariedade), também próximo ao presidente da Alerj, publicou o mesmo vídeo com a legenda “vídeo autoexplicativo”. Em declarações anteriores no plenário da Casa, Machado já havia deixado clara sua posição: “estou com Bacellar”, disse em uma das sessões.
CPI da transparência
O deputado estadual Professor Josemar (Psol), autor de um dos requerimentos que resultou na convocação do então secretário de Transportes Washington Reis para prestar esclarecimentos sobre o aumento das passagens de metrô, afirmou que a exoneração de Reis não anula a obrigação de comparecer à Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj).
Mesmo com a demissão, o requerimento aprovado no último dia 30 de junho segue válido e, segundo o parlamentar, o ex-secretário terá que se apresentar à Casa para responder sobre questões relacionadas ao aumento da tarifa do metrô e à fiscalização do transporte público.
“Mesmo após a exoneração, a convocação segue em vigor. Washington Reis terá que vir à Alerj e responder a questões fundamentais, como o aumento da tarifa do metrô e o tempo em que a população foi prejudicada por essa tarifa abusiva. Além disso, queremos esclarecimentos sobre o trabalho do Detro, que persegue os trabalhadores do transporte alternativo, e a falta de fiscalização nas linhas de ônibus”, declarou Professor Josemar.
O deputado também destacou que, caso seja necessário, a convocação poderá ser feita de forma coercitiva, garantindo que a presença de Reis na Alerj seja cumprida. “Continuamos na luta pela redução da tarifa do metrô. Washington Reis terá que se explicar”, concluiu.
