A mineradora BHP reconheceu, em alegações finais apresentadas à Justiça da Inglaterra, que os impactos sociais e ambientais do rompimento da Barragem do Fundão — ocorrido há dez anos, em Mariana (MG) — permanecem até hoje. Entre os efeitos listados estão a contaminação do Rio Doce, a interrupção da captação de água e o aumento de transtornos mentais na população. Apesar disso, a empresa sustenta não ter responsabilidade direta pela tragédia, que deixou 19 mortos e espalhou 44,5 milhões de metros cúbicos de rejeitos de minério.
A declaração consta de um documento de 416 páginas enviado em outubro ao tribunal britânico, onde a BHP responde a um processo que pode resultar em indenizações superiores a R$ 250 bilhões a 31 municípios e 620 mil pessoas. A mineradora, de capital inglês e australiano, afirma que a Samarco — controlada por ela e pela Vale — era autônoma na operação da barragem e, portanto, a única responsável técnica.
Nos relatórios apresentados, a BHP admite que, mesmo cinco anos após o desastre, estudos da Fundação Renova ainda apontavam altos índices de metais tóxicos, como arsênio, ferro, chumbo e manganês, no Rio Doce. A empresa também reconheceu erosões, morte de peixes e desequilíbrio ecológico na região, com “danos substanciais às cadeias alimentares e aos ecossistemas aquáticos”.
Outro ponto destacado é a persistência de interrupções na captação de água em cidades como Aimorés e Resplendor, que ainda dependem de caminhões-pipa. A empresa também citou aumento de transtornos mentais entre 2018 e 2020, embora atribua o fenômeno a múltiplas causas.
Em nota, a mineradora reforçou seu apoio ao Novo Acordo do Rio Doce, firmado em 2024, e afirmou que “segue comprometida em garantir reparação plena e justa às vítimas de uma tragédia que jamais deveria ter acontecido”.






